Uma Forma Rara de Balanite

  • Bruno Duarte Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Serviço de Dermatologia e Venereologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Ana Rodrigues Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Serviço de Dermatologia e Venereologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
  • Cândida Fernandes Consulta de Doenças Sexualmente Transmissíveis, Serviço de Dermatologia e Venereologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa, Portugal
Palavras-chave: Balanite, Sífilis, Sífilis Cutânea

Resumo

Apesar de ser uma doença antiga, a Sífilis continua uma preocupação muito atual em Saúde Pública e o seu número de casos continua a aumentar. As apresentações atípicas desta infeção podem ser verdadeiros desafios diagnósticos.
Relatamos o caso de um homem VIH-positivo de 23 anos de idade, HSH, observadio por uma lesão assintomática na glande com duas semanas de evolução. Vários tratamentos tópicos e sistémicos foram tentados previamente, sem benefício. O exame objetivo demonstrou uma placa eritematosa, mal delimitada, endurecida, de superfície lisa que ocupava a maior parte da glande. Adenome- gálias indolores bilaterais eram palpáveis. Os testes serológicos demonstraram uma subida de 4x o título do VDRL (1:8, previamente 1:2). Foi realizado o diagnóstico de balanite sifilítica de Follmann. A resolução completa da lesão foi conseguida com uma dose única intramuscular de penicilina benzatínica de 2,4 M.U.

A balanite sifilítica de Follmann é uma manifestação pouco comum de sífilis primária, havendo menos de 100 casos relatados. Ape- sar das lesões clínicas evoluírem para a resolução espontânea mesmo sem tratamento adequado, o doente permanecerá altamente infecioso e em risco de morbilidade futura. Numa era em que o número de casos de sífilis têm aumentado rapidamente na Europa Ocidental e Estados Unidos, recomenda-se que se conheçam as manifestações clássicas e atípicas de sífilis precoce, já que estas representam oportunidades únicas para tratamento e prevenção de transmissão futura de doença pelo individuo infetado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Farhi D, Dupin N. Origins of syphilis and management in the immunocompetent patient : Facts and controver- sies. Clin Dermatol. 2010; 28:533-8. doi:10.1016/j. clindermatol.2010.03.011.

Singh AE, Romanowski B. Syphilis : Review with Em- phasis on Clinical , Epidemiologic , and Some Biologic Features. Clin Microbiol Rev. 1999;12:187-209.

Encyclopaedia Britannica [accessed May 2019] Avai- lable from: http://www.britannica.com/EBchecked/ topic/578770/syphilis/253277/Syphilis-through-his- tory.

Centers for Disease Control and Prevention. The Natio- nal Plan to Eliminate Syphilis. Atalanta: CDC; 1999.

Hook EW. Syphilis. Lancet. 2017;389:1550-7. doi:10.1016/S0140-6736(16)32411-4.

Mainetti C, Scolari F, Lautenschlager S. The clinical spectrum of syphilitic balanitis of Follmann : report of five cases and a review of the literature. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2016;30:1810-3.doi:10.1111/ jdv.13802.

Abdennader S, Janier M, Morel P. Syphilitic balanitis of Follmann : three case reports. Acta Derm Venereol. 2011;90:191-2. doi:10.2340/00015555-0983.

Publicado
2020-01-11
Como Citar
Duarte, B., Rodrigues, A., & Fernandes, C. (2020). Uma Forma Rara de Balanite. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 77(4), 349-351. https://doi.org/10.29021/spdv.77.4.1107
Secção
Casos Clínicos