Dermatite de Contacto Ocupacional por Resina Epóxi no Centro de Portugal

  • Mariana Ferreira Bastos Serviço de Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional - Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro, Portugal
  • Ricardo Batista Serviço de Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Diogo Laertes Serviço de Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional - Instituto Português de Oncologia de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Joana Calvão Serviço de Dermatologia - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
  • Margarida Gonçalo Clínica de Dermatologia - Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
Palavras-chave: Compostos de Epóxi, Dermatite Alérgica de Contato, Dermatite Ocupacional, Exposição Ocupacional, Resinas Epóxi

Resumo

Introdução. A Dermatite de Contato Alérgica Ocupacional é uma doença ocupacional muito comum e os produtos químicos epóxi estão entre as suas principais causas. O objetivo deste estudo foi caraterizar os doentes com reações positivas à resina epóxi nos testes epicutâneos realizados no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra entre 2012 e 2018, e comparar com os resultados obtidos entre 1999 e 2008 na mesma instituição.

Método e Materiais.Realizámos uma análise retrospetiva dos resultados dos testes epicutâneos realizados entre 2012 e 2018 e identificámos os doentes com reações positivas à resina epóxi de bisfenol A testada a 1% em vaselina na Série Básica. Caraterizámos os seus dados demográficos e clínicos, avaliámos a relevância do resultado, as fontes de exposição à resina epóxi com particular atenção às fontes ocupacionais, outras reações positivas, e o impacto dos resultados dos testes no âmbito ocupacional destes trabalhadores. Por último, comparámos estes resultados com os de um estudo anterior realizado no mesmo hospital entre 1999 e 2008.

Resultados. Dos 2363 doentes submetidos a testes epicutâneos no período de 2012-2018, foram encontrados 23 doentes (0.97%) que desenvolveram alergia de contacto à resina epóxi. Em 22 casos identificámos uma exposição ocupacional relevante: 9 na indústria da construção civil, 9 trabalhadores em fábrica de turbinas para energia eólica, 2 em fábricas de fibra de vidro, 1 numa fábrica de produtos químicos e 1 numa estação de tratamento de águas residuais. Um dos 23 doentes era professor e não tinha exposição ocupacional relevante. Destes 22 trabalhadores, 9 (39.1%) apresentavam lesões tanto nas mãos como do tipo airborne,enquanto que 8 (34.8%) apresentavam lesões exclusivamente nas mãos e 5 (21.7%) apenas do tipo airborne. Quatro dos 23 (17.4%) reagiram exclusivamente à resina epóxi, e 11 dos 18 testados (61.1%) reagiram também ao hexanodioldiglicidil éter a 0.25% em vaselina. A evicção da exposição resultou numa melhoria significativa dos sintomas. Em comparação com o período analisado previamente (1999-2008), não houve mudanças epidemiológicas significativas, além de um discreto aumento na frequência das reações à resina epóxi e da sua principal fonte de exposição.

Conclusões.A prevalência da dermatite de contacto alérgica à resina epóxi aumentou ligeiramente neste Centro Português, o que poderá estar relacionado com o surgimento de uma nova fábrica de turbinas para produção de energia Eólica nesta região. Este alergénio continua a causar quase exclusivamente dermatites ocupacionais, tanto nas mãos, do tipo airborne, ou ambas.

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Referências

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Publicado
2019-10-10
Como Citar
Ferreira Bastos, M., Batista , R., Laertes , D., Calvão , J., & Gonçalo , M. (2019). Dermatite de Contacto Ocupacional por Resina Epóxi no Centro de Portugal. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 77(3), 221-225. https://doi.org/10.29021/spdv.77.3.1109
Secção
Artigos Originais