Valor Preditivo do Primeiro Cancro Cutâneo Não-Melanoma: Estudo Retrospetivo
Resumo
Introdução: Os doentes com antecedentes pessoais de cancro cutâneo não melanoma têm um risco aumentado de desenvolver outro cancro cutâneo e alguns estudos sugerem que o tipo histológico do primeiro tumor pode ser preditor dos subsequentemente diagnosticados. O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação entre o tipo histológico do primeiro cancro cutâneo não-melanoma e os subsequentemente diagnosticados no mesmo hospedeiro, em indivíduos imunocompetentes e com diferentes causas de imunodepressão.
Métodos: Estudo retrospetivo em que foram incluídos todos os doentes sem antecedentes de cancro cutâneo, com o diagnóstico de dois ou mais cancros cutâneos não-melanoma entre 1 de Janeiro de 2008 e 31 de Dezembro de 2017.
Resultados: Incluídos um total de 413 doentes, 51 (12,4%) dos quais imunodeprimidos. Verificou-se uma associação significativa entre o tipo histológico do primeiro e dos cancros cutâneos não-melanoma subsequentemente diagnosticados, quer em doentes imunocompetentes, quer em imunodeprimidos, com uma maior probabilidade de desenvolver um tumor do mesmo tipo histológico (p<0,001). Esta associação foi também significativa em doentes com uma neoplasia hematológica. O intervalo médio entre os dois diagnósticos foi de 30 meses (intervalo 7-111). Quarenta e três doentes (10,4%) apresentaram um tumor subsequente após mais de cinco anos de seguimento.
Conclusões: O tipo histológico do primeiro cancro cutâneo não-melanoma foi preditor do risco de desenvolver um tumor do mesmo tipo. Pela primeira vez, esta correlação foi identificada em doentes com uma neoplasia hematológica. Os doentes de alto risco devem ter um seguimento prolongado de pelo menos dez anos.
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