Experiência de 6 Anos de Cirurgia Micrográfica de Mohs num Hospital Português

  • Leandro Silva Hospital de Egas Moniz https://orcid.org/0000-0001-7804-3092
  • A. Miroux-Catarino Dermatology Department, Egas Moniz Hospital, Lisbon, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8243-8724
  • B. Pimentel Dermatology Department, Egas Moniz Hospital, Lisbon, Portugal
  • G. Catorze Dermatology Department, Egas Moniz Hospital, Lisbon, Portugal
  • J. Labareda Dermatology Department, Egas Moniz Hospital, Lisbon, Portugal
  • I. Viana Dermatology Department, Egas Moniz Hospital, Lisbon, Portugal
Palavras-chave: Cirurgia de Mohs, Neoplasias da Pele, Portugal

Resumo

Introdução: A cirurgia micrográfica de Mohs é um método cirúrgico de tratamento dos tumores cutâneos que consiste no controlo histológico das margens do tumor usando cortes horizontais em camadas finas congeladas a fresco. Esta técnica é uma indicação preferencial para tumores cutâneos da face (carcinoma basocelular e espinocelular, entre outros) associados a maior risco de recidiva, tumores recidivados, com margens clínicas indefinidas, quando existe envolvimento perivascular e perineural ou com subtipos histológicos agressivos.

Métodos: Os autores realizaram um estudo retrospetivo de um período de 6 anos (de julho 2012 até junho 2018) num hospital Português – Hospital de Egas Moniz, para definir as características dos doentes submetidos a cirurgia micrográfica de Mohs e avaliar as vantagens desta técnica. Foram analisados os fatores: idade, género, proveniência, diagnóstico, localização do tumor, número de estádios da cirurgia micrográfica de Mohs, tipo de reconstrução do defeito cirúrgico, seguimento e recidiva. Resultados: Foram operados 835 tumores no total, 459 em doentes do sexo masculino e 376 em doentes do sexo feminino. A média de idades foi de 71 anos (intervalo entre 23- 95 anos). A maioria dos tumores submetidos a cirurgia micrográfica de Mohs foram carcinomas basocelulares (87%) localizados na pirâmide nasal (43%). Em 44% dos casos, houve necessidade de realizar mais de um estadio micrográfico. Metade dos encerramentos do defeito cirúrgico foram realizados por enxerto ou retalho cutâneo. Em doentes com seguimento igual ou superior a 3 anos, a taxa de recidiva foi de 4,9%.

Discussão: O diagnóstico mais frequente foi o de carcinoma basocelular, o que reflete a importância da cirurgia micrográfica de Mohs, neste tipo de neoplasia cutânea, quer em lesões primárias como persistente/recorrentes. Salientamos que comparativamente a outras revisões europeias de cirurgia de Mohs, a taxa de recidiva dos tumores se encontra dentro dos parâmetros normais. Este dado é particularmente relevante, se considerarmos que o nosso serviço recebe doentes enviados de hospitais e dermatologistas de todo o país, especialmente selecionados quanto à agressividade tumoral ou já recidivados. O intervalo médio de recorrência para MMS foi de 27,9 meses, o que demonstra a necessidade de um seguimento a longo prazo destes doentes.

Conclusão: A cirurgia micrográfica de Mohs permite menores taxas de recidiva comparativamente á excisão cirúrgica simples pelo que a sua prática deve ser encorajada em tumores devidamente selecionados. O controlo cirúrgico das margens em vez das “margens cegas” é uma mais-valia tanto na poupança de tecido são como na garantia da excisão completa do tumor num mesmo tempo cirúrgico.

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Publicado
2020-07-14
Como Citar
Silva, L., Miroux-Catarino, A., Pimentel, B., Catorze, G., Labareda, J., & Viana, I. (2020). Experiência de 6 Anos de Cirurgia Micrográfica de Mohs num Hospital Português. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 78(2), 129-134. https://doi.org/10.29021/spdv.78.2.1202
Secção
Artigos Originais