Infeção Genital por Chlamydia Trachomatis nos Adolescentes Portugueses

  • Francisco Vaz Pereira Aluno de 6º ano, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal. https://orcid.org/0000-0002-5936-5480
  • João Borges da Costa Assistente Hospitalar Graduado de Dermatologia e Venereologia/Consultant of Dermatology and Venereology, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Lisboa, Portugal; Professor Auxiliar Convidado de Dermatologia e Venereologia/Professor of Dermatology and Venereology, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal; Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Lisboa, Portugal https://orcid.org/0000-0001-8903-209X
Palavras-chave: Chlamydia trachomatis, Adolescentes, Portugal, Infecções por Chlamydia

Resumo

Os adolescentes (entre os 10 e os 19 anos) são um grupo etário com elevada prevalência de infeções sexualmente transmissíveis (IST), devido aos seus fatores biológicos e socio-comportamentais. Em Portugal, os adolescentes revelam fraca adesão ao preservativo, têm múltiplos parceiros sexuais, deficiente educação sexual e altas taxas de reinfeção. Nesta faixa etária, a infeção genital por Chlamydia trachomatis é a IST mais prevalente, cujo curso assintomático dificulta o diagnóstico e controlo epidemiológico. Pretendeu-se rever os dados publicados de prevalência da infeção genital por Chlamydia trachomatis no grupo dos adolescentes portugueses. Nos estudos populacionais encontrados em Portugal, bastante heterogéneos entre si, verificou-se uma prevalência entre 2,23% e 18,2%. As taxas de notificação portuguesas são inferiores às dos restantes países europeus e os dados oficiais nacionais não discriminam a faixa etária dos adolescentes. Entre os 15-24 anos, foram notificados 41 casos em 2015 e 56 casos em 2016. Segundo o relatório do European Centre for Disease Control, foram notificados 116 e 167 casos na mesma faixa etária, em Portugal, em 2017 e 2018, respetivamente. A compreensão da epidemiologia da infeção genital por CT nos adolescentes portugueses é impossibilitada devido ao subdiagnóstico, à subnotificação e ao não isolamento dos adolescentes nos grupos de estudo. É assim necessário um esforço conjunto a nível clínico e político para que seja possível delinear uma estratégia eficaz no combate a esta infeção nos adolescentes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Dehne KL, Riedner G. Sexually transmitted infections among adolescents: The need for adequate health services. World Heal Organ. 2005;9(17):170-183. doi:10.1016/S0968-8080(01)90021-7

Alary M, Abreu H, Anupong C et al. Guidelines for the Management of Sexually Transmitted Infections. February 2004. World Heal Organ. 2004.

Gravata A, Castro R, Borges-Costa J. Estudo dos fatores sociodemográficos associados à aquisição de infeções sexualmente transmissíveis em estudantes estrangeiros em intercâmbio universitário em Portugal. Acta Med Port. 2016;29(6):360-366. doi:10.20344/amp.6692

Hillis S, Nakashima A, Marchbanks P, Addiss D, Davis J. Risk-factors for recurrent Chlamydia-trachomatis infections in women. Am J Obstet Gynecol. 1994;(170):801-806.

Ginocchio CC, Chapin K, Smith JS, et al. Prevalence of Trichomonas vaginalis and coinfection with Chlamydia trachomatis and Neisseria gonorrhoeae in the United States as determined by the aptima Trichomonas vaginalis nucleic acid amplification assay. J Clin Microbiol. 2012;50(8):2601-2608. doi:10.1128/JCM.00748-12

Datta SD, Sternberg M, Johnson RE, et al. Gonorrhea and chlamydia in the United States among persons 14 to 39 years of age, 1999 to 2002. Ann Intern Med. 2007;147(2):89-96. doi:10.7326/0003-4819-147-2-200707170-00007

Fronteira I, Oliveira Da Silva M, Unzeitig V, Karro H, Temmerman M. Sexual and reproductive health of adolescents in Belgium, the Czech Republic, Estonia and Portugal. Eur J Contracept Reprod Heal Care. 2009;14(3):215-220. doi:10.1080/13625180902894524

Silva TM, Candeias F. Pre-Exposure Prophylaxis in Teenagers : Prevent or Facilitate ? And in Portugal. 2019:260-262.

Carvalho RA, Fernandes C, Santos R, Rodrigues A, Cardoso J. CHLAMYDIA TRACHOMATIS NUMA CONSULTA DE INFEÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS - ESTUDO RETROSPECTIVO DE QUATRO ANOS (2006-2009). Soc Port Dermatol Venereol. 2011;69(1):79-84.

Raquel Melo C, Almeida F, Torres T, Oliveira F, Figueiredo M, Fonseca P. Rastreio Oportunístico De Infeção Genital Por Chlamydia Trachomatis Em Adolescentes Opportunistic Screening of Chlamydia Trachomatis Genital Infection in Adolescents Resumo. Pediatr Port. 2014;45:266-269.

Fenton KA, Lowndes CM. Recent trends in the epidemiology of sexually transmitted infections in the European Union. Sex Transm Infect. 2004;80(4):255-263. doi:10.1136/sti.2004.009415

Santos JR, Gonçalves E. Rastreio de Infeções Sexualmente Transmissíveis não víricas nos adolescentes: qual o estado da arte. Nascer e Crescer. 2016;25(3):163-168.

CDC. Sexually Transmitted Disease Surveillance 2018 - National Profile - Overview Chlamydia. https://www.cdc.gov/std/stats18/chlamydia.htm.

Travassos AR, Borges-Costa J, Azevedo J, Santo I. Prevalência de Infecção Genital por Chlamydia Trachomatis na Consulta de Venereologia - Estudo DEscritivo Relativo ao Primeiro Semestre de 2010. Soc Port Dermatol Venereol. 2011;69(2):211-215.

Siqueira LM. Chlamydia infections in children and adolescents. Pediatr Rev. 2014;35(4):145-154. doi:10.1542/pir.35-4-145

Borges-Costa J, Matos C, Pereira F. Sexually transmitted infections in pregnant adolescents: Prevalence and association with maternal and foetal morbidity. J Eur Acad Dermatology Venereol. 2012;26(8):972-975. doi:10.1111/j.1468-3083.2011.04194.x

De Sá AB, Gomes J, Viegas S, Ferreira MA, Paulino A, Catry M dos A. Genital infection by Chlamydia trachomatis in Lisbon: prevalence and risk markers. Fam Pract. 2002;19(4):362-364. doi:10.1093/fampra/19.4.362

Borges Da Costa J, Azevedo J, Santo I. Sexually transmitted infections and related sociodemographic factors in Lisbon’s major Venereology Clinic: A descriptive study of the first 4 months of 2007. J Eur Acad Dermatology Venereol. 2010;24(7):811-814. doi:10.1111/j.1468-3083.2009.03530.x

Gaspar C, Augusto G, Albuquerque M, Nascimento M, Vicêncio P, Nogueira P. Doenças de Declaração Obrigatória 2013-2016, Volume I - Portugal. DGS. 2017;I. https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/22529.

ECDC. Chlamydia infection: Annual Epidemiological Report for 2017. Surveill Rep. 2017;(January). https://ecdc.europa.eu/sites/portal/files/documents/AER_for_2017-chlamydia-infection.pdf.

Saúde MDA. Despacho no 5681-A/2014 de 29 de Abril, da Direção-Geral da Saúde. Diário da República, 2a série. 2014;82(2):2-20. http://direitodamedicina.sanchoeassociados.com/arquivo/despacho-n-o-5681-a2014-ministerio-da-saude-notificacao-obrigatoria-de-doencas-transmissiveis-e-outros-riscos-em-saude-publica/.

Richey MC, Macaluso M, Hook EW. Determinants of Reinfection With Chlamydia trachomatis.pdf. Sexully Transm Dis. 1999;26(1):4-11.

Redmond SM, Alexander-Kisslig K, Woodhall SC, et al. Genital chlamydia prevalence in Europe and Non-European high income countries: Systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2015. doi:10.1371/journal.pone.0115753

European Centre for Disease Prevention and Control. Chlamydia Control in Europe - a Survey of Member States.; 2014.

Lanjouw E, Ouburg S, de Vries HJ, Stary A, Radcliffe K, Unemo M. 2015 European guideline on the management of Chlamydia trachomatis infections. Int J STD AIDS. 2016;27(5):333-348. doi:10.1177/0956462415618837

Sexual DET, Dez ADE. INFECTIONS IN ATTENDEES OF A SEXUALLY TRANSMITTED DISEASES CLINIC - A TEN YEAR TREND ANALYSIS. 2012;70(1):91-97.

Cunha N, Cabete J, Campos S, Brasileiro A, Serrão V. Infecção genital por chlamydia trachomatis e neisseria gonorrhoeae em homens assintomáticos. Rev da Soc Port Dermatologia e Venereol. 2015;73(September):465-469.

Alves J, Azevedo J, Santo I, Borrego MJ. Proctite e Infeção Anoretal por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae em HSH – Estudo Retrospetivo. Rev da Soc Port Dermatologia e Venereol. 2016;74(1):59. doi:10.29021/spdv.74.1.516

Miroux-catarino A, Borges-costa J. Notificação de Parceiros – Caracterização da População e Preferências de 100 Doentes Consecutivos da Consulta de Venereologia de um Hospital Português. Soc Port Dermatol Venereol. 2018;76(January):151-156.

Barreiros H, Azevedo J, Santo I. Evolução Da Infecção Por Neisseria Gonorrhoeae Numa População Da Consulta De Dst Do Centro De Saúde Da Lapa De 2007 a 2011. Rev da Soc Port Dermatologia e Venereol. 2013;71(1):65-70. http://revista.spdv.com.pt/index.php/spdv/article/view/125.

Mendes, Pedro; Brito, Helena; Rodrigues, Isaura; Pina T, Fernandes, Cândida; Rodrigues A, Cardoso J. Infecção por Neisseria Gonorrhoeae na Consulta de IST do Hospital de Curry Cabral - Análise Retrospectiva de 8 anos (2006-2013). Rev da Soc Port Dermatologia e Venereol. 2015;73(2015):267-273.

Azevedo T, Brasileiro A, Borges F, et al. Elevada Incidência de Infecções Sexualmente Transmissíveis em Doentes com Infecção por VIH. Soc Port Dermatol Venereol. 2017;75(January):59-63.

Publicado
2020-09-27
Como Citar
Vaz Pereira, F., & Borges da Costa, J. (2020). Infeção Genital por Chlamydia Trachomatis nos Adolescentes Portugueses. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 78(3), 237-243. https://doi.org/10.29021/spdv.78.3.1226
Secção
Artigos Originais