Perfusão Isolada de Membro no Tratamento de Metástases em Trânsito de Carcinoma Espinocelular

Resumo

O carcinoma espinocelular (CEC) é o segundo cancro cutâneo não-melanoma mais comum e a sua incidência tem aumentado nas últimas décadas. A metastização locoregional é rara e, quando ocorre, associa-se a um pior prognóstico. Apresenta-se o caso de uma doente de 69 anos, com CEC da perna direita, invasivo, moderadamente diferenciado, totalmente excisado cirurgicamente. Após 1 mês, a doente refere o aparecimento de pápulas eritematovioláceas, de consistência dura, que evoluíram para nódulos de 3-4 cm, ulcerados, localizados na perna direita. A invasão ganglionar inguinal e ilíaca homolateral foi documentada através de punção aspirativa de conglomerado adenopático palpável a esse nível e posteriormente documentado por tomografia de emissão de positrões com TC (PET-TC). Dada a irressecabilidade cirúrgica da doença, foi realizada uma perfusão isolada de membro (PIM) com melfalan e fator de necrose tumoral (TNFα) para evitar a amputação. Foi observada resolução completa de todas as metástases em trânsito 12 semanas após a perfusão. No entanto, 4 meses depois, a progressão sistémica da doença culminou num desfecho fatal. A PIM é uma técnica eficaz e bem estabelecida no tratamento de tumores avançados das extremidades. As suas principais indicações são as metástases em trânsito de melanoma maligno e sarcomas de partes moles. No entanto, estudos demonstram a sua eficácia no tratamento de outros tumores, como é o caso do CEC localmente avançado. Apesar de não ter alterado o prognóstico da doença, foi possível, com a abordagem instituída, evitar a amputação do membro, atingindo a remissão completa da doença localizada.