Dermatite de Contacto Alérgica Ocupacional ao Crómio: 10 Anos de Estudo
Resumo
Introdução: O crómio tem sido identificado como responsável por dermatites de contato irritativas ou alérgicas ocupacionais. Para minimizar o seu impacto, foram implementadas medidas regulatórias que limitam o seu uso, cujo impacto deve ser monitorizado ao longo do tempo.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo realizado entre 2009 e 2018 no Serviço de Dermatologia dos CHUC para avaliar a tendência temporal da sensibilização ao crómio em testes epicutâneos com dicromato de potássio a 0,5% vas, de acordo com a idade, sexo e sua relação ocupacional.
Resultados: Foram estudados 3277 indivíduos, 2369 mulheres (72,29%) e 908 homens (27,71%), dos quais 621 (18,95%) tinham critérios para dermatite de contato ocupacional. A sensibilização ao crómio foi encontrada em 118 (3,60%) pacientes, 64 mulheres (54,4%) e 54 homens (45,76%). Destes, o sexo masculino foi significativamente mais frequente (45,76% vs 27,03%; p <0,001), assim como dermatite ocupacional (31,35% vs 18,47%; p <0,001), dermatite das mãos (53,54% vs 23,52%; p <0,001) e idade acima de 40 anos (70,34% vs 56,76%; p = 0,003).
Discussão / Conclusão: Os resultados mostram uma alta prevalência (3,60%) de sensibilização ao crómio. Na nossa amostra, não houve diminuição estatisticamente significativa da sensibilização ao crómio ao longo dos anos, contudo, a elevada prevalência de outras fontes de exposição, como no couro, sugere que o foco é agora outro diferente dos casos classicamente relacionados a essa alergia (cimento na construção civil).
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