SIFILIS SECUNDÁRIA – CORRELAÇÃO CLÍNICO PATOLÓGICA

  • Luís Uva Interno de Dermatologia e Venereologia/Resident, Dermatology and Venereology, Serviço de Dermatologia/ Dermatology Department, Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), Portugal
  • João Borges-Costa Assistente HospitalarGraduado de Dermatovenerologia, Serviço de Dermatologia, CHLN/Graduated Consultant of Dermatology, Dermatology Department, CHLN, Lisboa; Professor Auxiliar Convidado de Dermatologia da FML/ Professor of Dermatology and Venereology; Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Lisboa, Portugal; Unidade de Investigação em Dermatologia, Instituto de Medicina Molecular, Lisboa, Portugal; Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Portugal
  • Luís Soares-de-Almeida 3Assistente Hospitalar Graduado de Dermatovenerologia, Serviço de Dermatologia, CHLN/Graduated Consultant of Dermatology, Dermatology Department, CHLN, Lisboa; Professor de Dermatologia da FML/Professor of Dermatology and Venereology; Unidade de Investigação em Dermatologia, Instituto de Medicina Molecular, Lisboa, Portugal; Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Portugal
Palavras-chave: Diagnóstico diferencial, Histopatologia, Imunohistoquímica, Sífilis, Treponema pallidum

Resumo

Introdução: Nos últimos anos tem-se verificado um ressurgimento da sífilis. A infecção pelo Treponema pallidum encontra-se sobretudo associada ao uso inconsistente do preservativo e ao elevado número de parceiros sexuais nos meses que precedem o diagnóstico. Na sequência do aumento do número de casos diagnosticados, torna-se premente uma maior sensibilização das características clínico-patológicas da doença. Este artigo descreve e correlaciona as características clínicas e histopatológicas de sífilis secundária em 7 doentes observados no Serviço de Dermatologia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, Portugal.

Material e Métodos: Foram estudadas nove biópsias de lesões mucocutâneas de sete doentes com sífilis secundária, observados entre 2009 e 2013, tendo sido correlacionados os achados histopatológicos com os achados clínicos.

Resultados: O presente estudo revelou um largo espectro de alterações histopatológicas que variam desde um infiltrado inflamatório com localização à derme superficial até uma extensão perivascular na derme profunda. Apesar de se verificar alguma correlação entre os diversos padrões de inflamação e o tipo de lesões cutâneas, as lesões maculares associaram-se com um infiltrado inflamatório superficial enquanto as lesões papulares, maculopapulares e nodulares se associaram a um processo inflamatório profundo. O tipo de célula predominante no infiltrado foi o plasmócito. Os neutrófilos foram observados apenas num caso de condylomata lata.

Conclusões: As características histopatológicas de sífilis secundária parecem ser tão variadas como as características clínicas. É da responsabilidade dos profissionais que lidam com estes doentes estarem particularmente atentos à grande variedade semiológica desta patologia, lembrarem-se de o colocar como hipótese diagnóstica clínica e estarem conscientes da necessidade de estabelecer uma estreita interacção com os dermatopatologistas. A colaboração entre patologistas e clínicos permite uma correlação da clínica, serologias e achados histopatológicos de forma a estabelecer mais plausivelmente o diagnóstico de sífilis.

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Referências

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Publicado
2014-09-19
Como Citar
Uva, L., Borges-Costa, J., & Soares-de-Almeida, L. (2014). SIFILIS SECUNDÁRIA – CORRELAÇÃO CLÍNICO PATOLÓGICA. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 72(2), 211-217. https://doi.org/10.29021/spdv.72.2.257
Secção
Grupo para o Estudo e Investigação das Doenças Sexualmente Transmissíveis (GEIDST)