PROVAS EPICUTÂNEAS SOB IMUNOSSUPRESSÃO SISTÉMICA – CONTRA-INDICAÇÃO ABSOLUTA?

  • Ana Brasileiro Interna do Internato Complementar de Dermatologia e Venereologia/Resident of Dermatology and Venereology, Serviço de Dermatologia e Venereologia do Hospital S. António dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central
  • Sara Campos Interna do Internato Complementar de Dermatologia e Venereologia/Resident of Dermatology and Venereology, Serviço de Dermatologia e Venereologia do Hospital S. António dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central
  • Ana Fidalgo Assistente Hospitalar Graduada de Dermatologia/Graduated Consultant of Dermatology and Venereology, Serviço de Dermatologia e Venereologia do Hospital S. António dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central
  • Lurdes Lobo Chefe de Serviço de Dermatologia/Consultant Chief of Dermatology and Venereology, Serviço de Dermatologia e Venereologia do Hospital S. António dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central Serviço de Dermatologia, Hospital S. António dos Capuchos, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal
Palavras-chave: Provas epicutâneas, imunossupressores

Resumo

Introdução: As provas epicutâneas (PE) são o exame complementar de diagnóstico indicado para avaliação de suspeita de dermite de contacto alérgica. Idealmente, devem ser realizadas sem que o doente se encontre sob imunossupressores. Existem contudo situações clínicas em que tal não é possível, não havendo informação disponível acerca de como realizar e valorizar os resultados das PE nestes doentes. O objectivo do presente trabalho é rever a literatura no que concerne à realização de PE sob imunossupressão iatrogénica.

Material e Métodos: Revisão da literatura relevante para o tema publicada até Janeiro de 2015 e indexada à Medline.

Resultados: De acordo com o reportado na literatura, foram realizadas PE em 77 doentes sob corticóide sistémico, 78 doentes sob ciclosporina (CyA), 6 sob azatioprina, 10 sob metotrexato (MTX), 4 sob micofenolato de mofetil (MMF), 11 sob fármacos anti-factor de necrose tumoral e 7 sob fármaco anti-IL-12/23. Foram ainda descritos 15 casos de realização de PE sob associação de imunossupressores. Verificaram-se reacções positivas em todos os grupos.

Conclusão: O tratamento concomitante com imunossupressores não deve ser uma contra-indicação para realização de PE, estando descritas reacções positivas em doentes sob prednisolona, azatioprina, CyA, MTX, MMF, infliximab, etanercept, adalimumab e ustecinumab. Os resultados negativos ou duvidosos devem, contudo, ser interpretados de forma cautelosa.

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Publicado
2015-09-29
Como Citar
Brasileiro, A., Campos, S., Fidalgo, A., & Lobo, L. (2015). PROVAS EPICUTÂNEAS SOB IMUNOSSUPRESSÃO SISTÉMICA – CONTRA-INDICAÇÃO ABSOLUTA?. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 73(3), 369-377. https://doi.org/10.29021/spdv.73.3.461
Secção
Grupo Português de Estudo das Dermites de Contacto (GPEDC)