Características e Prevalência em Cuidados de Saúde Primários das Feridas Crónicas

  • Rui Passadouro Licenciado em Medicina e Mestre em Gestão e Economia da Saúde. Consultor da Carreira Médica/Medical Doctor, Medical Consultant and Master in Health Economics, Unidade de Saúde Pública do ACeS Pinhal Litoral (ACeS PL), Leiria, Portugal
  • Anabela Sousa Licenciatura em Enfermagem/Licensed Nurse. Grupo de Coordenação do Plano de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência ao Antimicrobianos do ACeS PL, Leiria, Portugal
  • Cristina Santos Licenciatura em Enfermagem/Licensed Nurse. Grupo de Coordenação do Plano de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência ao Antimicrobianos do ACeS PL, Leiria, Portugal
  • Helena Costa Licenciatura em Saúde Ambiental e Mestre em Saúde Ocupacional/Licensed in Environmental Health and Master in Occupational Health. Grupo de Coordenação do Plano de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência ao Antimicrobianos do ACeS PL, Leiria, Portugal
  • Isabel Craveiro Licenciatura em Farmácia/Licensed Pharmacist. Grupo de Coordenação do Plano de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência ao Antimicrobianos do ACeS PL, Leiria, Portugal
Palavras-chave: Doença Crónica, Ferimentos e Lesões, Portugal, Prevalência

Resumo

Introdução: As feridas são um problema de saúde pública, com forte impacto na qualidade de vida. Consideram-se crónicas as que evoluem durante mais de seis semanas. As feridas crónicas mais frequentes são as de pressão, as vasculares e as de origem diabética, sendo as venosas cerca de 80% das vasculares. O presente estudo tem como objetivo caracterizar as feridas crónicas dos doentes da área de influência do Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral (ACeS PL).

Material e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, com uma componente analítica, e transversal, com uma amostra de conveniência constituída pelos doentes com ferida crónica, identificados pelos profissionais de enfermagem, quer no domicílio, quer nas salas de tratamento dos centros de saúde.

Resultados: A prevalência de feridas crónicas na população estudada é 0,84/1000, sendo 1,01/1000 no sexo masculino e 0,69/1000 no feminino (p < 0,05). Os doentes com mais de 80 anos apresentam uma prevalência de 5,68/1000, que é mais elevada relativamente aos mais novos (p < 0,05). Em relação ao tipo de feridas, as de causa vascular são as mais frequentes (36%) e, destas, 77,7% são de origem venosa.

Discussão e Conclusão: A taxa de prevalência de ferida crónica é ligeiramente inferior à encontrada noutros estudos que utilizam a mesma metodologia, sendo mais elevada nos homens e nas idades mais avançadas. Considera-se excessiva a proporção de úlceras de pressão das categorias III e IV, verificando-se algumas inconformidades no diagnóstico e tratamento das mesmas. Por isso, foi sugerida a criação de um grupo multidisciplinar de consultadoria e formação em feridas no serviço de saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Alves P, Vales L. Perspetiva histórica do tratamento de feridas. In: Pinto E, Vieira I, editores. Prevenção e tratamento de feridas - Da evidência à prática [e-book]. 2014 [consultado 2015 jun 25]. Disponível em: http://care4wounds.com/ebook/flipviewerxpress.html.

Paço R. Fisiologia da cicatrização e fatores que a influenciam. In: Pinto E, Vieira I, Editors. Prevenção e tratamento de feridas - Da evidência à prática [e-book]. 2014 [consultado 2015 jun 25]. Disponível em: http://care4wounds.com/ebook/flipviewerxpress.html.

Davini R, Nunes C, Guirro E, Fascina E, Oliveira M, Polli M, Domingues P. Tratamento de úlceras cutâneas crônicas por meio da estimulação elétrica de alta voltagem. Rev Cienc Med. 2012; 14: 249-58.

Baker S, Stacey M, Singh G, Hoskin S, Thompson P. Aetiology of chronic leg ulcers. Eur J Vasc Surg. 1992; 6:

-51.

Jockenhöfer F, Gollnick H, Herberger K, Isbary G, Renner R, Stücker, M, et al. Aetiology, comorbidities and

cofactors of chronic leg ulcers: retrospective evaluation of 1000 patients from 10 specialised dermatological

wound care centers in Germany. Int Wound J. 2014; [consultado em 2015 mai 30]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1111/iwj.12387.

Favas P. Prevalência e características das feridas na população do distrito de Leiria. Universidade Católica

Portuguesa: Lisboa; 2012 [consultado 2015 jul 23]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10400.14/13271.

Prieto B. Prevalencia de úlceras en Neda y diferencias entre la población rural y urbana. Facultade de enfermaría

e podoloxía: Universidade da Coruña; 2014 [consultado 2015 set 11]. Disponível em: http://ruc.udc.es/

bitstream/2183/13646/2/TFG_Enfermaria_Escudero_Prieto_Beatriz.pdf.

Furtado K. Úlceras de Perna - Tratamento Baseado na Evidência. Rev Nurs. 2003; 176:14-23.

Direção Geral da Saúde. Orientação para a Prevenção da Infeção na Ferida Crónica. In:DGS; 2013.

Martinho P, Gaspar P. Conhecimentos e práticas de terapia compressiva de enfermeiros de cuidados de saúde

primários. Rev Enf Ref. 2012; 3:69-79.

Tendera M, Aboyans V, Bartelink M, Baumgartner I, Clément D, Collet J, et al. ESC Guidelines on the diagnosis

and treatment of peripheral artery diseases. Eur Heart J. 2011; 32:2851-906.

Landis S. Chronic wound infection and antimicrobial use. Adv Skin Wound Care. 2008; 21:531-40.

Souza J, Vieira E, Cortez T, Mondelli A, Miot H, Abbade L, et al. Clinical and microbiologic evaluation of chronic

leg ulcers: A cross-sectional study. Adv Skin Wound Care. 2014; 27:222-7.

Pina E, Furtado K, Franks P, Moffatt C. Úlceras de perna em Portugal: um problema de saúde subestimado. Rev

Port Cir Cardiotorac Vasc. 2004; 11:217-21.

Surber C, Brandt S, Cozzio A, Kottner J. Principles of skin care in the elderly. G Ital Dermatol Venereol. 2015;

:699-716.

Maida V, Corbo M, Dolzhykov M, Ennis M, Irani S, Trozzolo L, et al. Wounds in advanced illness: a prevalence

and incidence study based on a prospective case series. Int Wound J. 2008; 5:305-14.

Rodrigues I, Mégie M. Prevalence of chronic wounds in Quebec home care: an exploratory study. Ostomy

Wound Manage. 2006;52:46-57.

Ustrell-Olaria A, Amorós-Miró G. Prevalencia de heridas de la piel en pacientes de atención domiciliaria de 2

áreas básicas de salud de Barcelona: implicaciones en la práctica enfermera. Enferm Clínica. 2008; 18: 232-8.

Soldevilla A, Torra i Bou J, Verdú J, Martínez Cuervo F, López Casanova P, Rueda Lopez J , et al. 2º Estudio Nacional de Prevalencia de Úlceras por Presión en España, 2005: Epidemiología y variables definitorias de las lesiones y pacientes. Gerokomos. 2006; 17:154-72.

Cruz M, Baudrier T, Azevedo F. Causas infrequentes de úlceras de perna e a sua abordagem. Rev Soc Port Dermatol Venereol. 2013; 69:383-94.

Callam M, Ruckley C, Harper D, Dale J. Chronic ulceration of the leg: extent of the problem and provision of

care. Br Med J. 1985; 290:1855-6.

Cornwall J, Doré C, Lewis J. Leg ulcers: epidemiology and aetiology. Br J Surg. 1986; 73:693-6.

Passadouro R, Sousa A, Santos C, Costa H, Craveiro I. Questionário para avaliação da ferida crónica. Adaptado

dos instrumentos da Sociedade Portuguesa de Feridas (ELCOS). 2015. [consultado 2015 set 11]. Disponível em:

https://www.researchgate.net/publication/295079539_Ferida.

NPUAP/EPUAP/PPPIA. Prevention and treatment of pressure ulcers: Quick reference guide [e-book]. 2nd ed.

Haesler E, editor. Perth: Cambridge Media2014. [consultado 2015 jul 15]. Disponível em: http://www.epuap.org/wp-content/uploads/2010/10/Quick-Reference-Guide-DIGITAL-NPUAP-EPUAP-PPPIA-16Oct2014.pdf.

Tavares E, Brito H, Parente J, Pinto P, Martins C. População bacteriana em úlceras de perna crónicas sobre-infetadas numa enfermaria de dermatologia–Caraterização do perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos. Rev Soc

Port Dermatol Venereol. 2012; 70:465-72.

Alves P, Vales L. Úlceras de pressão. In: Pinto E, Vieira I, Editors. Prevenção e tratamento de feridas - Da evidência à prática [e-book]. 2014 [consultado 2015 jun 25]. Disponível em: http://care4wounds.com/ebook/flipviewerxpress.html.

Lichterfeld A, Hauss A, Surber C, Peters T, Blume-Peytavi U, Kottner Jan. Evidence-based skin care. J Wound Ostomy Continence Nurs. 2015; 42:501-24.

Publicado
2016-04-29
Como Citar
Passadouro, R., Sousa, A., Santos, C., Costa, H., & Craveiro, I. (2016). Características e Prevalência em Cuidados de Saúde Primários das Feridas Crónicas. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 74(1), 45-51. https://doi.org/10.29021/spdv.74.1.514
Secção
Artigos Originais