Avaliação Psicológica em Doentes com Rosácea: Um Estudo de Caso-Controlo com Symptom Checklist -90 - Revised

  • Rui Tavares-Bello Dermatology Service, Hospital Militar de Belém. Presently, Unidade de Dermatologia do Hospital dos Lusíadas, Lisboa, Portugal
  • Nuno Torres Clinical Psychologist,. Doctorate in the Centre for Psychoanalytic Studies, University of Essex, UK. Presently, William James Center for Research, Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), Lisboa, Portugal
Palavras-chave: Psicometria, Rosácea/psicologia, Stress Psicológico

Resumo

Introdução: A rosácea, uma prevalente dermatose facial crónica, é classicamente considerada uma “psicodermatose” já que factores psicológicos são determinantes no seu desencadeamento ou evolução. Os doentes padecendo de rosácea foram descritos como imaturos, ansiosos, com reduzida auto-estima, com sentimentos de vergonha ou culpa, ou como “psiconeuróticos”, com configurações histéricas ou obsessivo-compulsivas.

Objectivo: Neste estudo foi investigado o distress psicopatológico de doentes com rosácea, comparados com um grupo de dermopatas sofrendo de dermatoses agudas, acidentais, não conspícuas. Um objectivo adicional foi o de avaliar a influência determinada pelos dados demográficos e características clínicas sobre os resultados finais.

Material e Métodos: Os participantes foram 53 doentes com rosácea e 190 outros dermopatas, com idades compreendidas entre os 18 e os 72 anos foram recrutados duma consulta externa hospitalar de Dermatologia. A rosácea foi clinicamente avaliada e classificada bem como registada a duração da doença. Foi aplicado a todos os doentes o questionário de auto-resposta SCL-90-R para avaliar o distress psicológico e registar as queixas emocionais e psico-vegetativas.

Resultados: As análises estatísticas revelaram uma efectiva influência independente das variáveis rosácea, género, nível escolar/educacional e da Interacção rosácea/género nas variáveis psicométricas. Os doentes com Rosácea revelaram valores superiores aos da população do grupo controlo nas dimensões sensibilidade interpessoal (F[1,241]=3,57, p<0,01). No que concerne às diferenças entre géneros, as doentes com rosácea registaram valores superiores aos dos da população controlo nas dimensões ansiedade, depressão, sensibilidade interpessoal, obsessões e compulsões, ideação paranóide e somatização, ao contrário dos doentes do género masculino em que tal apenas se verificou na sensibilidade interpessoal. No que se refere aos efeitos da duração da doença, os doentes com rosácea com mais de 1 ano de duração registaram scores significativamente mais elevados de ideação paranóide do que os doentes com durações de doença inferiores a um ano (F[2,52]=3,79, p<0,05).

Conclusões: Os doentes sofrendo de rosácea – em contraste com outros doentes com outras dermatoses – revelam um distress psicossocial significativo, o qual não se correlaciona no entanto com o sub-tipo clínico da dermatose.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Plewig G, Kligman AM. Rosacea. In: Plewig G, Kligman AM, editors. Acne and Rosacea. Berlin: Springer Verlag; 2000. p.456-67.

Berg M, Liden S. An epidemiological study of rosacea. Acta Dermatol Venereol.1989; 69: 419-23.

Drake L. Survey maps typical progression from rosacea’s first appearance. Rosacea Revi.1995:2.

Wilkin J, Dahl M, Detmar M, Drake L, Feinstein A, Odom R, et al. Standard classification of rosacea: Report of the national Rosacea Society Expert Committee on the Classification and Staging of Rosacea. J Am Acad Dermatol. 2002; 46:584-7.

Powell C: Rosacea. N Engl J Med, 2005; 352:793-803.

Darwin C. The expression of the emotions in man and animals (1872). In: Porter DM, Graham PW, editors New York: Penguin Books: 1993.p. 364-93.

Buss AH. Self-consciousness and Social Anxiety. San Francisco: Freeman; 1980.

Drott C, Claes G, Olsson-Rex L, Dalman P, Fahlén T, Göthberg G. Successful treatment of facial blushing by endoscopic transthoracic simpathectomy. Br J Dermatol. 1998; 138:639-43.

Sowinska-Gługiewicz I, Ratajczak-Stefanska V, Maleszka R. Role of psychological factors in course of the rosacea. Rocz Akad Med Bialymst. 2005; 50Suppl 1:49-53.

Klaber R, Wittkover E. The pathogenesis of rosacea. Br J Dermatol Syphil. 1939; 2: 501-19.

Sobye P. Aetiology and pathogenesis of rosacea. Acta Dermatol Venereol, 1950; 30:137-58.

Balkrishnan R, McMichael AJ, Hu JY, Camacho FT, Shew KR, Bouloc A, et al.Correlates of health-related quality of life in women with severe facial blemishes. Int J Dermatol. 2006; 45:111-5.

Gupta MA, Gupta AK, Chen SJ, Johnson AM. Comorbidity of rosacea and depression: an analysis of the National Ambulatory Medical Care Survey and National Hospital Ambulatory Care Survey-Outpatient Department data collected by the US National Center for Health Statistics from 1995 to 2002. Br J Dermatol, 2005;

:1176-81.

Cormia FE. Basic concepts in the production and management of the psychosomatic dermatoses-II. Br J Dermatol. 1951; 63:129-51.

Panconesi E. Psychosomatic Dermatology. In: Panconesi E, editors. Clinics in Dermatology Stress and Skin Diseases: Psychosomatic Dermatology. Philadelphia: JB Lippincott; 1984.p.131-3.

Derogatis LR, Lipman RS, Covi L. SCL-90: An Outpatient Psychiatric Rating Scale – Preliminary Report. Psychopharmacol Bull. 1973; 9:13-28.

Baptista A. A génese da perturbação de pânico: A importância dos factores familiares e ambientais durante a infância e a adolescência. [Dissertação de doutoramento,]. Porto: Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto; 1993.

Koblenzer CS. Flushing reactions and rosacea. In: Koblenzer CS, editor. Psychocutaneous Disease. Orlando: Grune and Stratton; 1987.p. 230-7.

Grosshans E. Bilan des notions ètiologiques actuelles de la rosacée. J Agregés. 1977; 10:427-33.

Marks R. Concepts in the pathogenesis of rosacea. Br J Dermatol. 1968; 80:170-7.

Rebora A. Rosacea. J Invest Dermatol. 1987; 88(Suppl 3):569-605.

Wilkin JK. Rosacea: a review. Int J Dermatol. 1983;22:393-400.

Wilkin JK. Rosacea: pathophysiology and treatment. Arch Dermatol. 1984; 130:359-62.

Brinnel H, Friedel J, Caputa M, Cabanac M, Grosshans E. Rosacea: disturbed defense against brain overheating. Arch Dermatol Res. 1989; 281:66-72.

Spoendlin J, Voegel JJ, Jick SS, Meier CR. Migraine, triptans, and the risk of developing rosacea. A population-based study within the United Kingdom. J Am Acad

Dermatol, 2013; 69:399-406.

Caputa M, Perrin G, Cabanac M. Ecoulement sanguine reversible dans la veine ophtalmique: mecanisme de refroidissement sèlectif du cerveau humain. CR Acad Sci. 1978; 287:1011-4.

Wilkin JK. Heat, not caffeine, induces flushing in erythematotelangiectatic

rosacea. J Invest Dermatol 1979;73:310-2.

Wilkin JK. Quantitative assessment of alcohol-provoked flushing. Arch Dermatol. 1986; 122:63-5.

Kurkmoglu N, Alaybeyi F. Substance P immunoreactivity in rosacea. J Am Acad Dermatol. 1991; 25:725-6.

Powell FC, Corbally N, Powell D. Substance P and rosacea. J Am Acad Dermatol. 1993; 28:132-3.

Wollina U. Rhinophyma-unusual expression of simple-type keratins and S 100 A in sebocytes and abundance of VIP-receptor-positive dermal cells. Histol Histopathol.

; 11:111-5.

Fimmel S, Schnitger A, Glass E, Zouboulis CC. Keratinocyte-and sebocyte-derived factors modify UVB activity on endothelial cells: a possible mechanism for the development of vascular changes in rosacea. J Invest Dermatol Res. 2004; 122:A3.

Zouboulis CC. Acne vulgaris and rosacea. In: Granstein RD, Luger T, editor. Neuroimmunology of the Skin. Basic Science to Clinical Practice. Berlin: Springer-Verlag; 2009. p. 225-32.

Wilkin JK, Josephs JA. Infrared photographic studies of rosacea. Arch Dermatol. 1980; 116:676-8.

Marks R, Harcourt-Webster JN. Histopathology of rosacea. Arch Dermatol. 1969; 100:683-91.

Yamasaki K, Di Nardo A, Bardan A, Murakami M, Ohtake T, Coda A, et al. Increased serine protease activity and cathelicidin promotes skin inflammation in rosacea. Nat Med. 2007; 13:975-80.

Bevins CL, Liu FT. Rosacea: skin innate immunity gone awry? Nat Med. 2007; 13:904-6.

Duman N, Ersoy Evans S, Atakan N. Rosacea and cardiovascular risk factors: a case-control study. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2014; 28:1165-9.

Hua TC, Chung PI, Chen YJ, Wu LC, Chen YD, Hwang CY,et al.Cardiovascular comorbidities in patients with rosacea: A natiowide case-control study from Taiwan. J Am Acad Dermatol. 2015; 73:249-53.

Cotterill JA. Rosácea y enrojecimiento facial, hiperhidrosis. In: Grimalt F, Cotterill JA, editors. Dermatologia y Psiquiatria – Historias Clinicas Comentadas. Madrid: Biblioteca Aula Medica; 2002. p. 239-44.

Finlay AY, Ryan TJ. Disability and handicap in dermatology. Int J Dermatol. 1996; 35:305-11.

Jowett S, Ryan T. Skin disease and handicap: An analysis of the impact of skin conditions. Soc Sci Med. 1985; 20:425-9.

Bar LH, Kuypers BR. Behaviour therapy in dermatologic practice. Br J Dermatol. 1973; 88:591-8.

Nicholson K, Abramova L, Chren MM, Yeung J, Chon SY, Chen SC. A pilot quality-of-life instrument for acne rosacea. J Am Acad Dermatol. 2007; 57:213-21.

Publicado
2016-08-03
Como Citar
Tavares-Bello, R., & Torres, N. (2016). Avaliação Psicológica em Doentes com Rosácea: Um Estudo de Caso-Controlo com Symptom Checklist -90 - Revised. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 74(2), 161-168. https://doi.org/10.29021/spdv.74.2.552
Secção
Artigos Originais