ALERGIA CUTÂNEA EM CRIANÇAS

  • An Goossens Professor of Dermatology, Director of the Contact Allergy Unit of the Department of Dermatology, University Hospital K.U. Leuven, Belgium

Resumo

No diagnóstico de dermatite de contacto alérgica é fundamental, tal como nos adultos, a história e loca- lização das lesões, mas alguns produtos e/ou hábitos característicos das crianças e adolescentes podem ser respon- sáveis por quadros clínicos pouco usuais. Os alergenos mais importantes na criança são os metais, como o crómio (calçado) e o níquel (por vezes associado ao cobalto ou paládio; este último também responsável por reacções gra- nulomatosas de contacto), sobretudo nas jovens, dada a popularidade dos adornos baratos. Recentemente, surgiram entre os jovens outras fontes de sensibilização, como os telemóveis. Outros potenciais alergenos são os ingredientes de produtos tópicos, sobretudo antissépticos; o mercúrio e derivados ainda são utilizados nalguns países, mas as re- acções alérgicas, mesmo em crianças pequenas, não são em geral clinicamente relevantes. Cosméticos, em particular de limpeza cutânea, podem originar sensibilização a componentes das fragrâncias ou conservantes. Derivados da borracha, muitas vezes responsáveis por dermatite ao calçado ou às fraldas, resinas e plantas também podem ser fonte de sensibilização. Adicionalmente, alguns alergenos ocupacionais (p. ex, cabeleireiras, construção civil e me- talúrgicos) também ocorrem em adolescentes. A alteração da legislação, referente à presença de alergenos em pro- dutos comuns, pode levar à redução da incidência de alergia de contacto em crianças (p. ex, ao níquel nos adornos e telemóveis e às tintas capilares em menores de 16 anos). O uso de p-fenilenodiamina nas tatuagens temporárias de henna continua a ser um problema. As provas epicutâneas em crianças são seguras; a maioria dos autores con- sideram as reacções irritativas pouco frequentes (excepto em atópicos, em particular a metais) e podem utilizar-se as mesmas concentrações que no adulto. No entanto, não se pode excluir a possibilidade de reacções falso+ ou falso- e, na suspeita de potencial irritativo, devem também testar-se concentrações inferiores. Dada a reduzida área cutânea para testes, a menor exposição ambiental a alguns alergenos e a hipermobilidade das crianças pequenas, alguns autores recomendam utilizar séries standard reduzidas, embora outros alertem para o risco de se ignorarem muitas reacções. De qualquer modo, é importante ter em conta a história e o quadro clínico e testar, sempre que necessário, outros possíveis alergenos e produtos pessoais.

PALAVRAS-CHAVE – Dermatite; Alergia de Contacto; Criança; Alergenos; Hipersensibilidade.

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Publicado
2011-09-28
Como Citar
Goossens, A. (2011). ALERGIA CUTÂNEA EM CRIANÇAS. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 69(3), 377. https://doi.org/10.29021/spdv.69.3.73
Secção
Artigo de Revisão