Dermatite de Contacto Alérgica em Idade Pediátrica: Estudo Retrospectivo

  • Ana Catarina Cordeiro Aluna do mestrado integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
  • Leonor Ramos Assistente Hospitalar do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Coimbra, Portugal
  • Margarida Gonçalo Assistente Sénior do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), e Professor Auxiliar convidada da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
Palavras-chave: Alergénios, Criança, Dermatite Alérgica de Contacto, Níquel, Testes Epicutâneos

Resumo

Introdução: A dermatite de contacto alérgica em idade pediátrica, habitualmente considerada pouco frequente, tem sido recentemente objecto de numerosas publicações associadas a um aparente aumento da sua prevalência. Tal pode ser devido a exposição e sensibilização mais precoce a alergénios de contacto ou à mais ampla utilização de testes epicutâneos, cruciais ao diagnóstico desta patologia.

Métodos: Com o objectivo de avaliar as características e causas da dermatite de contacto alérgica em idade pediátrica, foram analisados os processos clínicos dos doentes com < 18 anos que efetuaram testes epicutâneos entre Janeiro de 2005 e Dezembro de 2014 na Unidade de Alergologia de Contacto do Serviço de Dermatologia dos HUC. Avaliaram- -se os seguintes parâmetros: sexo, idade, história pessoal e familiar de atopia, localização principal da dermatose, testes positivos a alergénios da série básica ou outros e respectiva relevância, hipótese de diagnóstico e diagnóstico final.

Resultados: Foram estudados 106 doentes em idade pediátrica (3,6% do total), 68 do sexo feminino (64,2%) e 38 do sexo masculino (35,8%), quatro com idades compreendidas entre os 3 e 5 anos (3,8%), 28 entre os 6 e 11 anos (26,4%) e 74 entre os 12 e 17 anos (69,8%), 52,8% com antecedentes de atopia e 36,8% com lesões localizadas na face e/ou pescoço. Dos 106 doentes, 51 tiveram pelo menos um teste positivo (48,1%), mais frequentemente no sexo feminino por alergia ao níquel (18,9%). Seguiram-se o cobalto, a p-fenilenodiamina e a mistura de caínas (4,7%) entre os alergénios de série básica e, fora dela, o paládio positivo em cinco crianças. De notar que não observámos testes positivos ao níquel nos últimos dois anos. Doze doentes reagiram apenas a alergénios não incluídos na série básica, sobretudo medicamentos.

Discussão: A alergia de contacto e dermatite de contacto alérgica antes dos 18 anos revelaram-se relativamente comuns. O diagnóstico etiológico precoce é importante para evitar a cronicidade das lesões e prevenir possíveis repercussões futuras a nível pessoal e profissional. O conhecimento dos principais alergénios nesta faixa etária poderá orientar medidas preventivas de futuras sensibilizações.

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Publicado
2017-07-20
Como Citar
Cordeiro, A. C., Ramos, L., & Gonçalo, M. (2017). Dermatite de Contacto Alérgica em Idade Pediátrica: Estudo Retrospectivo. Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 75(2), 143-152. https://doi.org/10.29021/spdv.75.2.769
Secção
Artigos Originais