Epidemiologia das infeções fúngicas superficiais em Portugal - revisão de 3 anos (2014-2016)

  • Margarida Rato Serviço de Dermatologia do Hospital de Santarém EPE
  • Adelina Costin Serviço de Dermatologia do Hospital Garcia de Orta EPE
  • Constança Furtado Serviço de Dermatologia do Hospital Garcia de Orta EPE
  • Cristina Sousa Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho;
  • Cristina Toscano Laboratório de Microbiologia Clínica do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
  • Cristina Veríssimo Laboratório de Infeções Parasitárias e Fúngicas, Departamento de Doenças Infeciosas, INSA
  • Felicidade Trindade Serviço de Dermatologia do Hospital de Cascais
  • Filipa Tavares Almeida Serviço de Dermatologia do Hospital de Braga
  • Glória da Cunha Velho Serviço de Dermatologia do Hospital de Santo António, Centro Hospitalar e Universitário do Porto
  • Goreti Catorze Serviço de Dermatologia do Hospital Egas Moniz, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
  • Inês Raposo Serviço de Dermatologia do Hospital de Santo António, Centro Hospitalar e Universitário do Porto
  • Joana Selada Serviço de Patologia Clínica do Hospital de Cascais
  • João A Ferreira Serviço de Dermatologia do Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte
  • Judite Batista Laboratório de Microbiologia Clínica do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental;
  • Luis Santos Serviço de Dermatologia do Hospital de Cascais
  • Manuel Sereijo Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, EPE
  • Manuela Silva Serviço de Dermatologia do Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte
  • Margarida Apetato Serviço de Dermatologia do Hospital de Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar de Lisboa Central
  • Maria Sanches Serviço de Dermatologia do Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte
  • Miguel Costa-Silva Serviço de Dermatologia do Hospital de São João
  • Paulo L Filipe Serviço de Dermatologia do Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte
  • Paulo Santos Serviço de Dermatologia do Hospital de São João
  • Pedro D. Fonseca Serviço de Dermatologia do Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte
  • Rosa Mascarenhas Serviço de Dermatologia do Hospital Distrital da Figueira da Foz
  • Rui Bajanca Serviço de Dermatologia do Hospital de São Bernardo, Centro Hospitalar de Setúbal
  • Virginia Lopes Serviço de Patologia Clínica do Hospital de Santo António, Centro Hospitalar e Universitário do Porto
  • Viviana Lewis Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados São Sebastião, ACES Arrábida
  • Maria da Luz Duarte Serviço de Dermatologia do Hospital de Braga
  • Célia Galhardas Serviço de Dermatologia do Hospital de Santo António dos Capuchos, Centro Hospitalar de Lisboa Central
  • Margarida Anes Serviço de Dermatologia do Hospital de São Bernardo, Centro Hospitalar de Setúbal
Palavras-chave: Dermatomicoses/epidemiologia, Fungos, Micoses/epidemiologia, Portugal

Resumo

Introdução: As infeções fúngicas superficiais são as dermatoses infeciosas mais frequentes e a sua incidência continua a aumentar. Os dermatófitos são os principais agentes causais apresentando, contudo, uma distribuição geográfica variável.

Material e Métodos: O presente estudo teve como objetivo a caracterização epidemiológica das infeções fúngicas superficiais diagnosticadas nos Serviços/Unidades de Dermatologia pertencentes ao Serviço Nacional de Saúde Português entre janeiro de 2014 e dezembro 2016 através da análise retrospetiva dos resultados das culturas realizadas durante esse período.

Resultados: Foram estudados 2375 isolamentos, pertencentes a 2319 doentes. O dermatófito mais frequentemente isolado foi o Trichophyton rubrum (53,6%), tendo sido o principal agente causal da tinha da pele glabra (52,4%) e das onicomicoses (51,1%). Relativamente às tinhas do couro cabeludo, globalmente o Microsporum audouinii foi o agente mais prevalente (42,6%), seguido do Trichophyton soudanense (22,1%). Enquanto na área metropolitana de Lisboa estes dermatófitos foram os principais agentes de tinha do couro cabeludo, nas regiões Norte e Centro o agente mais frequente foi o Microsporum canis (58,5%). Os fungos leveduriformes foram os principais responsáveis pelas onicomicoses das mãos (76,7%).

Conclusão: Os resultados deste estudo estão globalmente concordantes com a literatura científica. O Trichophyton rubrum apresenta-se como o dermatófito mais frequentemente isolado em cultura. Na tinha do couro cabeludo, na área metropolitana de Lisboa, as espécies antropofílicas de importação assumem particular destaque.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Kelly BP. Superficial fungal infections. Pediatr Rev. 2012 Apr;33(4):e22-37.

Ameen M. Epidemiology of superficial fungal infections. Clin Dermatol. 2010 Mar 4;28(2):197-201.

Havlickova B, Czaika VA, Friedrich M. Epidemiological trends in skin mycoses worldwide. Mycoses. 2008 Sep;51 Suppl 4:2-15.

Rocha J, Duarte ML, Oliveira P, Brito C. Dermatofitias no distrito de Braga - estudo retrospetivo dos últimos 11 anos (1999 - 2009). Trab Soc Port Dermatol Venerol 2011; 69 (1): 69-78.

Cabrita J, Sequeira H: Dermatófitos em Portugal (1982-1988). Trab Soc Port Dermatol Venereol 48: 31-8 (1990).

Borman AM, Campbel CK, Johnson EM: Analysis of the dermatophyte species isolated in the British Isles between 1980 and 2005 and review of world dermatophyte trends over the last three decades. Med Mycol 45(2): 131-41 (2007).

Panackal AA, Halpern EF, Watson AJ: Cutaneous fungal infections in the United States: Analysis of the National Ambulatory Medical Care Survey (NA- MCS) and National Hospital Ambulatory Medical Care Survey (NHAMCS), 1995-2004. Int J Dermatol 48: 704-12 (2009).

Seebacher C, Bouchara JP. Updates on the epidemiology of dermatophyte infections. Mycopathologia. 2008; 166:335-52.

Campos S, Lestre S, Galhardas C, Apetato Margarida. Tinhas do couro cabeludo - estudo retrospetivo de 5 anos (2008-2012) no Hospital Santo António dos Capuchos. Revista SPDV 2014; 72(3): 333-340.

Serrano P, Furtado C, Anes I, Costa I. Micoses superficiais numa consulta de Dermatologia Pediátrica - revisão de 3 anos. Trab Soc Port Dermatol Venereol. 2005; 63(3): 341-8.

Raquel Sabino et al, Tinea capitis: análise retrospetiva de casos diagnosticados entre 2004 e 2013. Observações -Boletim epidemiológico do INSA, Lisboa.

Valdigem GL, Pereira T, Macedo C, Duarte ML, Oliveira P, Ludovico P, Sousa-Basto A, Leão C, Rodrigues F. A twenty-year survey of dermatophytoses in Braga, Portugal. Int J Dermatol. 2006 Jul;45(7):822-7.

Duarte ML, Macedo C, Estrada I, Sousa Basto A: Panorama etiológico das dermatofitias no distrito de Braga: Revisão de 15 anos (1983-1998). Trab Soc Port Dermatol Venereol 58(1): 55-61 (2000).

Machado S, Velho G, Selores M, Lopes V, Amorim ML, Amorim J, Massa A: Micoses superficiais na Consulta de Dermatologia Pediátrica do Hospital Geral de Santo António - revisão de 4 anos. Trab Soc Port Derm Ven 60(1): 59-63 (2002).

Lobo I, Velho G, Machado S, Lopes V, Ramos H; Selores M: Micoses superficiais na Consulta de Dermatologia Pediátrica do Hospital Geral de Santo António - revisão de 11 anos. Trab Soc Port Derm Ven 66(1): 53-7 (2008).

Cunha AP, Barros AM, Alves S, Pereira M, Santos P, Mota A, Azevedo F, Resende C: Micoses cutâneas superficiais em crianças - revisão de 5 anos. Trab Soc Port Derm Ven 62(3): 371 (abstract) (2004).

Coelho JD, Rocha-Páris F, Galhardas C, Feio AB. Estudo retrospetivo dos fungos patogénicos isolados no Departamento de Micologia do Hospital de Desterro em 2006 e 1º trimestre de 2007. Trab Soc Port Dermatol Venerol 2007; 65 (4): 481-486.

E. Tavares, M.G. Catorze, C. Galhardas, M.J. Pereira, O. Bordalo e Sá, M. M. Rocha. Panorama epidemiológico da infeção por dermatófitos na área de influência do Hospital Distrital de Santarém - estudo retrospetivo de 13 anos. RPDI 2012, Vol. 8 Nº 1.

Feng X, Ling B, Yang X, Liao W, Pan W, Yao Z. Molecular Identification of Candida Species Isolated from Onychomycosis in Shanghai, China. Mycopathologia. 2015 Dec;180(5-6):365-71.

Cursi IB, Freitas LB, Neves Mde L, Silva IC. Onycomychosis due to Scytalidium spp.: a clinical and epidemiologic study at a University Hospital in Rio de Janeiro, Brazil. An Bras Dermatol. 2011 Jul-Aug;86(4):689-93.

Nenoff P, Krüger C, Ginter-Hanselmayer G, Tietz HJ. Mycology - an update. Part 1: Dermatomycoses: causative agents, epidemiology and pathogenesis. J Dtsch Dermatol Ges. 2014 Mar;12(3):188-209.

Martínez-Herrera EO, Arroyo-Camarena S, Tejada-García DL, Porras-López CF, Arenas R. Onychomycosis due to opportunistic molds. An Bras Dermatol. 2015 May-Jun;90(3):334-7.

Publicado
2018-10-05
Como Citar
Rato, M., Costin, A., Furtado, C., Sousa, C., Toscano, C., Veríssimo, C., Trindade, F., Tavares Almeida, F., da Cunha Velho, G., Catorze, G., Raposo, I., Selada, J., A Ferreira, J., Batista, J., Santos, L., Sereijo, M., Silva, M., Apetato, M., Sanches, M., Costa-Silva, M., L Filipe, P., Santos, P., D. Fonseca, P., Mascarenhas, R., Bajanca, R., Lopes, V., Lewis, V., Duarte, M. da L., Galhardas, C., & Anes, M. (2018). Epidemiologia das infeções fúngicas superficiais em Portugal - revisão de 3 anos (2014-2016). Revista Da Sociedade Portuguesa De Dermatologia E Venereologia, 76(3), 269-278. https://doi.org/10.29021/spdv.76.3.910
Secção
Artigos Originais